Marcelo Aquilino*
O nível de conforto acústico de uma edificação depende de cuidados que começam na etapa de projeto. Ao especificar os materiais e técnicas construtivas, o projetista deve ter em mente as características de isolação e de absorção desses itens com vista ao resultado que pretende obter.
Isolação e absorção sonora são termos sobre os quais há certa confusão. Isolar acusticamente é não permitir que o ruído entre ou saia de um ambiente, atenuando-o. Para que o material seja isolante, é preciso que haja uma determinada massa ou uma composição multicamadas, como é o caso, por exemplo, das paredes que adotam internamente um colchão de ar ou materiais fibrosos minerais ou sintéticos, ou ambos. Estas camadas funcionam como uma “mola” que atua atenuando a energia das ondas sonoras.
Já o material absorvedor deve ser adotado para ajustar a qualidade acústica de um ambiente. Isso é feito por meio do tratamento de suas superfícies internas, aplicando absorvedores acústicos, como espuma nas paredes ou no forro suspenso. O material absorvedor reduz o tempo de reverberação do ambiente, melhorando a inteligibilidade e reduzindo o nível de ruído.
Ambientes amplos, como as praças de alimentação em shoppings são exemplos de ambientes ruidosos porque, além de muitos geradores de ruído, em geral seus materiais têm predominância de características rígidas, que refletem o som. Nesse caso, o projetista pode usar a geometria do espaço para melhorar a qualidade acústica. A compartição do espaço em volumes menores também é um recurso que ajuda obter qualidade acústica.
O IPT atua executando medições de níveis de ruídos em laboratório e em campo para solução de problemas e melhoria do desempenho de produtos e projetos. O IPT também faz calibração de instrumentos. No caso de desempenho acústico de edificações, o Instituto trabalha em conformidade com a norma NBR 15.575, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que trata do desempenho de edificações com base em segurança, habitabilidade e sustentabilidade.
Essa norma, aliás, impõe responsabilidade judicial aos construtores e procedimentos mais rigorosos desde a execução dos projetos. O IPT já vem atuando como parceiro das empresas que estão se adaptando à norma, por meio da execução de testes e ensaios.
Os trabalhos de desenvolvimento acústico levam em conta também as normas NBR 10.151, que trata dos níveis de ruído máximos aceitáveis em cada área da cidade, e a NBR 10.152, sobre conforto acústico dentro dos ambientes, de acordo com os tipos de edifício e de ocupação.
*Marcelo de Mello Aquilino é pesquisador do Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade de Edifícios, do Centro Tecnológico do Ambiente Construído (CETAC), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).