A Sociedade Dinamarquesa de Câncer acompanhou por mais de dez anos 50 mil homens e mulheres entre 50 e 64 anos. A conclusão foi: quem vive perto de avenidas movimentadas corre um risco maior de sofrer um ataque cardíaco. A partir do limite de 40 decibéis, cada aumento de 10 já é suficiente para elevar o risco do problema em 12%. "A exposição permanente ao barulho gera um estresse crônico", explica o neurologista Charles André, da Academia Brasileira de Neurologia. "Mesmo quando se está dormindo, o som desencadeia o aumento da pressão arterial e dos níveis de hormônios como a adrenalina", completa.
Algumas medidas podem abafar os sons estridentes. "As pessoas andam investindo em janelas antirruídos, com vidros mais grossos", diz Charles André. Para quem busca uma solução imediata, protetores auriculares são uma boa pedida.
Decibéis muito acima do tolerável ocupam hoje o terceiro lugar no ranking de problemas ambientais que mais afetam populações do mundo inteiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a poluição do ar e a da água estão na dianteira. Não se trata de simples incômodo. Barulho mata. Só por infarto, são 210 mil vítimas fatais todo ano aponta um relatório da OMS que deveria, este sim, sair da surdina para soar em alto volume. A poluição sonora ainda não recebeu a devida atenção, lamenta o neurofisiologista Fernando Pimentel- Souza, da Universidade Federal de Minas Gerais, um dos maiores estudiosos brasileiros dos efeitos da poluição acústica na saúde humana.